26.7.07

Traves, Entraves e Seres Travados

Doutor,

o senhor bem sabe que uma das coisas que mais odeio são analogias
esportivas, mas graças à influência perniciosa desta merda de invenção
bretã nesta sociedade pós-silvícola sem personalidade própria não consegui
encontrar nenhuma analogia que melhor explicasse a seqüência de eventos de
minha vida recente. Há algo de cruel ocorrendo, como se uma criatura com
péssimo senso de humor de uns tempos pra cá fosse incubida de transformar
minha jornada medíocre nesse planeta miserável menos satisfatória do que
poderia ser. E olha que eu nunca tive grandes ilusões a este respeito.
Mesmo assim é a segunda vez que utilizo este símile em poucos meses.

No futebol a trave é um delimitador necessário. É a moldura do objetivo,
que o circunda mas não se integra a ele. Sem sua presença o tal objetivo
seria nebuloso, excessivamente dependente de fatores falíveis tais como
ponto de vista, perspectiva, interesses conflitantes ou câmeras de alta
definição. Mas alguém as enxerga desta maneira?

Não.

As traves são sempre associadas a um obstáculo, algo que poderia ser mas
que, por intervenção do destino, nunca será. É a epítome do "fiz tudo
certo, mas no final deu tudo errado". É a frustração por um trabalho bem
feito mas cuja execução não saiu a contento. Bateu na trave, resvalou na
tinta, fugiu para escanteio, babau negão. Nada de glórias para aquele que,
com uma chance de 99% de sucesso acertou em cheio no um por cento que o
tirou do panteão do sucesso, ainda que fugaz e, claro, efêmero como um
peido numa ventania.

Eu disse destino?

Sim, tergiverso novamente. Juro que pretendia escrever um texto objetivo,
explanando as razões deste raciocínio bizarro e aparentemente incongruente.
Mas, por alguma razão pouco específica, novamente "bati na trave". Apenas
como ilustração do motivo que inspirou essas linhas mal redigidas, um
trecho obscuro de um diálogo:

- E aí? Não vai falar nada?
- Não. Tem dias que eu prefiro o silêncio.
- Por que?
- Porque, diferente de certas pessoas, eu prefiro ficar quieto a falar
merda.

O que, o doutor pode confirmar, é uma grande mentira.

E atingiu o alvo errado.


P.S.: O texto "entre-hífens" abaixo não é de minha autoria, mas de algum
cretino que achou interessante incluí-lo em simplesmente TODAS as mensagens
que saem de minha conta de email. Sim, estou publicando os textos via email
agora, visto que o acesso aos blogs foi BLOQUEADO neste arremedo de empresa
na qual eu justifico mal e porcamente minhas horas comerciais. Se eles
pensam que com isso vão me fazer trabalhar estão redondamente enganados.
Prefiro invadir o escritório pelado, munido apenas de uma AR-15 e muitos
alvos fáceis. Coisa que, aliás, é iminente.


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