29.4.05

Mil?

Doutor, você anda divulgando esse blog pra seus colegas vouyeristas da faculdade de psicologia?

Tá vendo o numero lá no lado direito, em cima da lista de posts antigos? Pois bem, aquele é o número de acessos ao blog desde que ele foi criado. É, já passou de mil. Mil malucos desocupados e tarados pelos problemas alheios, que devem passar aqui todos os dias pra tomar uma dose de minha desgraça.

Mil caracteres se decompondo na vala comum desse imenso cemitério de hipertexto, apesar dessa frase funcionar melhor em inglês.

E por que cargas d'água eu continuo sendo um solitário inveterado? Onde estão todas essas pessoas que diariamente passam por aqui? Que prazer elas tiram em observar minhas desgraças analiticamente, como um nerd de óculos grossos observando um viveiro formigas com apenas um sobrevivente?

Não quero amigos. Não quero companheiros. Caralho, não quero nem colegas!

Vocês não são nada! São apenas cadáveres em potencial.

A vida nada mais é do que uma contagem regressiva para a morte. E eu posso ser aquele que quebra o cronômetro, abreviando a espera.

Doutor? Nada.

25.4.05

Salada de Sentimentos

Doutor,

nessa última semana passei por diversas emoções, por vezes conflitantes, por vezes simultâneas, e na maioria das vezes desgastante, graças a notícia que eu seria pai.

Primeiro veio o desespero. Total e completo. Chorei, gritei, quebrei tudo, xinguei Deus e o Diabo. Passei o sábado de cama. Acho que até tive febre, mas não queria interromper o choro para buscar o termômetro. Fiquei mal, deprimido, pensei em me matar mais de uma vez.

Quando o choro passou eu fugi de casa. Sei que essa piada é velha (o cúmulo da revolta, lembra?), mas eu simplesmente não queria ser encontrado. Caí no mundo a pé. Perambulei pela madrugada totalmente perdido. Acho que só não fui assaltado pois os ladrões talvez tenham ficado com medo de minha cara miserável. Ou pena. Ou escárnio.

Não sei como, acabei numa farmácia 24 horas. Perambulei pela seção infantil por um tempo que não sei precisar. Mas foi tempo suficiente para que as etiquetas de preço de fraldas, mamadeiras, chupetas, lenços umedecidos e toda sorte de bobagem pediátrica que pudesse aparecer ficassem flutuando na minha vista. A mente entorpecida fazia as contas, e o desespero aumentava. Só dei por mim quando o segurança me abordou, e me expulsou. Implorei por piedade, ou um Valium genérico, o que estivesse mais à mão, mas em resposta ele me enxotou do estabelecimento.

Eu queria me embriagar, mas também não queria. Eu não esqueço quando bebo ou me drogo, pelo contrário. Meus esqueletos-de-armário normalmente perdem o pudor quando estou alto, e fazem um baile dos mortos em minha cabeça.

Caminhei um pouco mais, e fui abordado por uma puta fulambenta. Pensei em pagar pra que ela me ouvisse, sem sexo (nem queria pensar nisso!), mas ela disse que não topava doido, e que eu fosse falar com um padre. Já estava amanhecendo, e aceitei a proposta. Entrei na primeira igreja que vi. Era uma daquelas evangélicas de garagem. O pastor me ouviu com um interesse cínico, e depois desfiou uma porrada de asneiras sobre o sangue de Jesus e os evangelhos. Só percebi o golpe quando ele me deu uma caneta e me estendeu um contrato. Nem pensei, arremessei a caneta na cara dele e rasguei o papel. Depois de dois socos no estômago de um gorila de terno, estava de novo na sarjeta.

Depois disso, veio a aceitação. Voltei para casa, conformado com o destino. Seria pai, sim, mas só o pai biológico. Ela mesmo havia dito isso. Não precisava me encanar. Bobeasse eu nem veria o fedelho. E ele não saberia a porcaria de pai que havia doado o milk-shake genético que o originou.

Mas eu não consegui desencanar. Numa crise estranha, limpei o apartamento inteiro. Esfreguei chão, paredes, arrumei a cama, limpei a geladeira, os armários, me livrei de toda a pornografia entulhada. Até a privada eu limpei. Meu apartamento de repente tinha ficado parecido com uma casa de gente. Fiquei satisfeito.

Passei a semana mais leve depois da aceitação. Não tinha pensamentos mórbidos, não tinha espasmos punheteiros. Eu seria pai, e um pai deve ter um mínimo de responsabilidade. Chegava no trabalho na hora, tomava banho todos os dias. O senhor teria se orgulhado de mim. Eu estava ficando quase normal. Sério!

Aí ontem veio a bomba. Já disse que alegria de pobre nunca dura muito? Pois comigo isso é regra. E eu, besta que sou, sempre caio na esperança que as coisas vão melhorar.

O que aconteceu? Ela me ligou. Perguntou como eu estava, e eu, babaca, contei como tinha sido minha semana. Juro que estava me sentindo nas nuvens. Contei das faxinas, do trabalho, da mudança. E disse, inocente, que quando o pirralho nascesse eu estaria aberto a pelo menos conhecê-lo.

Aí ela riu. E eu estremeci. É, era aquela risada maligna dela, que faria a Maga Patalógica borrar as penas. Não só riu, ela gargalhou histericamente, chegando a derrubar o telefone. Cruel, a maldita me deixou ouvindo aquelas risadas arrepiantes por longos minutos. Desesperado, eu gritava pra que ela paresse, mas isso só fazia ela rir mais. Quando acabou o fôlego, ela soltou a bomba:

- Eu não estou grávida porcaria nenhuma! Você realmente acreditou nisso?

Fiqui mudo por um tempo, e ela foi explicando a idéia. Não entendi a motivação que uma brincadeira dessa pudesse ter além de pura maldade, crueldade, uma sacanagem sem tamanho. Me senti um pato numa pegadinha chula. Ela riu, e riu. Eu desabei no chão estranhamente limpo, e não consegui nem chorar. Não me senti aliviado. Tinha sofrido, mas finalmente aceitado a idéia de ser pai. Estava até gostando desta nova fase de minha vida, e a escrota destruiu tudo. De novo.

Sem palavras, desliguei o telefone. Ele tocou em seguida, e eu o arranquei da tomada com um solavanco e o atirei na parede. A casa foi a próxima. Quebrei tudo, machuquei minhas mãos com os copos de vidro, e estampei palmas sangrentas nas paredes. Só sobreviveu o computador, nem sei por que. Talvez para que eu pudesse escrever isso aqui.

Comecei a beber no começo deste relato. Ainda não estou bêbado, mas pretendo ficar. Completamente. Aí não sei se o computador sobreviverá. Foda-se.

Antes de morrer, acabo com aquela piranha. Estrangulo ela lentamente, deixando-a no limiar da inconsciência, enquanto tiro, com um pegador de sorvete, cada órgão de seu corpo. Penduro ela de ponta cabeça na parede, de modo que o cérebro permaneça irrigado, e ela consciente, durante todo o processo. Arranco fora o seu útero e prego na parede ao seu lado. Cuspo e mijo nele, de modo que ela veja o desprezo que tenho por seus órgãos reprodutores. Esmago suas trompas com os pés descalços, aos chutes. Arranco suas mamas na faca quente, e obriga ela a mamar nas próprias tetas decepadas. Cubro seus sangramentos com Pampers Ultra-Seco, e vejo o floc-gel sugando sua vida lentamente.

Ao som de Balão Mágico e Xuxa.

Doutor, já sabe.

15.4.05

Não podia ser pior...

Argentino na cadeia, possível papa alemão, queda na bolsa, queda nas exportações, brasileiro dado como morto no Iraque, Bush rindo no Arkansas, Lula chorando na África, inflação subindo, salário baixando, custo de vida subindo, medida provisória baixando, impostos subindo (estou ficando tonto), crise do petróleo, desemprego, fome miséria, carro-bomba, homem-bomba, meia-bomba sem viagra.

É nesse lugar que eu vou colocar uma criança?

É você entendeu bem, doutor. Ela tá grávida! É, prenha, embuchada, embarrigada! E é meu!

Antes de mais nada, sim já pensei nisso. E sim, ela só me deu a palavra que era meu. Claro que não dá pra confiar. Ela pode ter um amante por dia da semana. Pode ter participado de uma sessão de surubas vagino-anais, e o feto não ser mais do que um monte de espermatozóides-guimbas sem dono definido grudados num óvulo-chiclete no cinzeiro que deve ser seu útero. Sim, pode ser.

Mas não é.

Como eu sei? Dedução lógica. Ela não é pobre. É uma puta escrota, mas é bem vestida. Meio patricinha, sabe? Cabelo e unhas sempre bem cuidados. Roupa de griffe. Não fala "menas" nem "a nível de" e nem trata todo mundo como "fio/fia". Tem educação. Sabe consertar computador. Discute filosofia tão bem quanto abre as pernas. Já a peguei citando Rumboldt e Rilke numa mesma frase!

Agora, a dedução: O que uma mulher dessas ganharia me dando o golpe da barriga? Sou pobre, fodido, endividado, com sérios distúrbios anti-sociais, potencialmente violento, e com um péssimo papo. Nem eu me agüento! Ás vezes me pego cuspindo pro meu reflexo no espelho.

Tem outra coisa: imagina o que vai sair daquela pança? Meu Deus, mistura um porra-seca-de-punheta que nem eu com uma rampeira-puta-vaca-escrota que nem Ela? Só falta Ela se chamar Rosemary! E ele Damian!

Meu pesadelo foi uma profecia? Que merda de profeta que eu sou!

Ela me disse que não quer nada, só me avisou pra que eu não ficasse na ignorância. Bosta de consolo este! Agora como você acha que vou passar meus dias? Caralho, já não é mole viver sem saber quem ou o que vai comer no dia seguinte, agora tenho que me preocupar com minha porra que decidiu sair andando, falando, cagando, mijando e vomitando?

Lutei tanto pra anular minha existência, apenas para ser o responsável por uma alheia?

Que catzu de ironia é essa?

Que merda de Deus filho da puta é esse que permite que um nada como eu procrie?

E o primeiro que vier com comentários de Linhas Tortas, Providência, ou Ele Sabe o Que Faz, faço questão de sodomizar com um crucifixo GG.

Doutor, eu tô fodido!

14.4.05

Insones

[Transcrição]

Brrriiiiiiiiing...

- Alô?

- Oi, Zê.

- ...

- Sou eu...

Plem!

Dez segundos depois.

Brrrriiiiiiing...

Brrrriiiiiiing...

Brrrriiiiiiing...

- Que é que você quer?

- Nada muito sério. Como você tá?

- De saco cheio pra atender telefonemas inconvenientes no meio da noite.

- Tava dormindo?

- Não te interessa.

- Tava pensando em mim?

- Vai pra puta que pariu!

Plem!

Dois minutos depois.

Brrrriiiiiiing...

Brrrriiiiiiing...

Brrrriiiiiiiiiiiiiiiiiing!

- Caralho!

- Zê, desculpa.

- Hã?

- Desculpa ligar essa hora.

- Agora você tá me deixando assustado. Nunca te vi pedir desculpas por nada.

- Babaca.

- Pronto, essa é a puta que eu conheço. Cê não tá com problemas, tá? Porque se estiver eu quero que se foda.

- Tu... tu... tu... tu...

Plem!

Trinta segundos depois.

Brrrriiiiiiing...

- Fala.

- Zê, o lance é sério.

- Ah...

- Zê, cala a boca um instante? Porra, tô falando que o lance é sério!

- Então desembucha, cacete!

- ...

- Vai entender! Me manda calar a boca, faz um suspense, e depois fica muda! Quer saber? Vai tomar no olho do cu! Piranha! Vagabunda!

- Amanhã eu vou aí.

- E isso por acaso é importante? Nem precisava se preocupar em ligar. É só aparecer aqui que enfio a porta na tua cara.

- É sério, Zê. A gente tem que conversar.

- Então fala logo, caralho! Precisa fazer esse suspense todo?

- Até amanhã...

- Espera aí!

- Tu... tu... tu... tu... tu... tu... tu... tu... tu... tu... tu...

Plem!

[Fim da Transcrição]

Pronto, acabou com minha noite. Acabou com meu dia.

Merda.

6.4.05

O papa morreu? Antes ele do que eu!

Doutor,

estava planejando escrever um resumão das merdas que aconteceram durante seu período de férias e o meu desconectado, mas não tive saco pra isso. A verdade? Não aconteceu nada muito importante, só as merdas de sempre de meu dia-a-dia medíocre. Digno de nota? Quase perdi o emprego por causa de uma discussão besta com um babaca do trampo, mas acabei levando a melhor e ele não. Foi pra rua. E vomitaram em cima do meu carro quando eu passava por baixo de um viaduto.

Quem é o espírito de porco que, estando em um viaduto e sentindo ânsias, gorfa na direção de uma avenida? O jato caiu bem em cima de meu pára-brisa, quase me fazendo acompanhá-lo, e se eu não estivesse relativamente esperto, podia bater o carro. Mas me obrigou a lavar o carro, coisa que não faço normalmente. Eu devia pegar o corno descontrolado e cheio de idéias e fazê-lo de John Bonham. Não sabe? O baterista do Led Zeppellin, que morreu afogado no próprio vômito depois de tomar 40 doses de vodka. Rock'n'Roll!

E o papa morreu. Foda-se. Juro que nunca me liguei em religião e nem nesse papa em particular. Quero que explodam papas, rabinos, aiatolás, mulás, lamas e o escambau.

O problema é que não conseguimos entrar na internet ou na televisão e não ser bombardeado com a morte do velho. Só falam nisso! Morreu no sábado, e vão deixar o corpo apodrecendo pra visitação pública até sexta. E dá-lhe uma cambada de católico necrófilo na fila. Virou ponto turístico. Só faltava venderem bonequinhos do papa deitado com aquela roupa de super-herói bizarro, e camisetas: "Eu fui no velório do papa!".

Na boa? O velho já tinha morrido faz uns 3 anos. Só tinha esquecido de fechar os olhos. Morreu, morreu, pronto. Escolhe outro velho retrógrado e pseudo-moralista no lugar e toca pra frente.

E a Globo tá fazendo tanto marketing com o D. Cláudio Hummes que, caso ele seja escolhido (difííííícil...) com certeza eles vão tocar aquela vinheta jurássica: "Brasil-sil-sil!". E o Galvão vai narrar a coroação: "Bem amigos da rede Globo, olha lá, o cardeal chegou com a coroa! D. Cláudio é Brasil no Vaticano! Vai lá, segurando a coroa na ponta dos dedos! Ele está jogando com a Bíblia embaixo do braço! Hoje todo brasileiro é coroinha! Vai lá, desceu... Coroou!", e a vinheta de novo: "Brasil-sil-sil!".

E o melhor momento desse papa finado (e não papa-defunto, que é outra coisa) foi o show da Fafá de Belém quando ele veio pro Brasil. Conhecida pelos peitões e pelos decotes generosos, a doida foi cantar pro Papa "Ave Maria" de véu, que nem beata! Acho que a escolha da música foi por causa da interjeição que foi gritada em côro pelo Brasil inteiro quando viram tamanha aberração.

E eu acho que qualquer homem, mulher ou bicho que inspire o Roberto Carlos a cantar não deveria merecer o reino dos céus. Pelo menos uns 100 anos no purgatório, pelo mal espalhado em rede nacional.

Minha mãe era carola daquelas de ter foto do Papa em cima da porta da cozinha e Jesus com cara de diarréia na sala. Ela até tentou me encaminhar pro catolicismo caipira e tacanho dela, mas eu desde cedo estava destinado à devassidão de uma vida sem crença. Se eu estiver certo, já estamos no inferno, e além disso aqui só tem lucro. Senão, vou pro inferno e queimarei por toda a eternidade. Bela bosta.

Repito: o papa morreu? Antes ele do que eu! E antes que entupam minha caixa de comentários com excomungações e infamidades, aviso a todos: estou cagando e andando pros seus comentários. Se opinião fosse uma coisa boa não seria de graça. Enfiem no cu suas convicções.

Doutor, se sua secretária continuar me destratando por telefone, não estranhe se um dia ela não for trabalhar, e nem telefonar dando desculpa.

Já está avisado.

4.4.05

Novo endereço, mesma merda de sempre.

Doutor,

finalmente consegui resolver o problema do antigo blog: abandonei-o.

O original (http://psicopataenrustido.weblogger.com.br), foi bloqueado aqui no meu trampo. Não conseguia mais colocar mensagens. E como tive uma semana de merda, não consegui pensar em nada pra resolver isso.

Agora já resolvi o impasse. O endereço novo é esse: http://psicopataenrustido.blogspot.com/. Põe no favoritos. Põe no cu.

Por que eu não postava de casa? Por que você acha? Minha conta telefônica foi bloqueada por falta de pagamento. Meu micro novo só serve pra duas coisas: Paciência e Postal 2.

Recado para a tal "Carla" que mandou comentários no outro blog: sai do meu pé, piranha fodida e entrevada! Você não é Ela! Não pode ser!

Recado para DriDri: sou macho. Heterossexual convicto. Não curto socar barro. Suma ou te estripo com uma faca de manteiga! E espalho tuas entranhas pelo jardim da casa da tua mãe! Bicha do caralho!

Doutor, depois mando um resumão das últimas semanas, só pra registro. Sei que você sentiu minha falta nas suas férias, seu puto sem vida própria, vampiro de sofrimento alheio.

Pode deixar que tenho merda suficiente pra te empapuçar por dias.

Ah, bem vindo à mesma merda.