Doutor,
desde que começamos a compreender o mundo que nos rodeia uma das primeiras coisas que nos ensinam são as REGRAS. Regras para tudo. Regras para convivência, para sobrevivência, de consciência, etc. Isso tudo começa quando você se assusta com o primeiro NÃO! que sua mãe lhe grita. NÃO derruba a papinha! NÃO enfia o dedo na tomada! NÃO martela a cabeça da tua irmã! NÃO mostra o pinto pras coleguinhas no recreio! NÃO sobe aí, moleque! NÃO olha pro lado! NÃO tenha idéias próprias! NÃO PENSE!
Daí a gente cresce e essas regras vão se mesclando a nossa personalidade, tal qual um cabresto invisível amalgamado a seu sistema nervoso periférico. É a MORAL se entranhando em sua psique. É quando os mais espertinhos começam a formular os primeiros questionamentos, pois normalmente estas regras foram apenas outorgadas a nós, sem maiores explicações. E quando analisamos cada uma delas percebemos finalmente que "Porque sim!" não é resposta para porra nenhuma.
Mas essa constatação não nos livra do surgimento de novas regras. Regras sociais. Regras de acasalamento. Regras profissionais. Regras e mais regras, que nem de longe são causadas pelo bom senso, e sim por um senso comum deturpado pela tal MORAL citada acima.
Ou seja, no final das contas ouvimos muito mais "Porque sim!" quando adultos do que quando moleques. É a resposta da ausência de argumentos. É a resposta da pré-violência. Se o argumento vazio falhar, só na porrada mesmo, mermão. Não tem jeito. É assim desde o início dos tempos. Pensar sempre foi visto como a estratégia dos fracos, dos frescos, dos frutinhas. Nada que resista a uma boa machadada entre os cornos.
O que a maioria das pessoas ainda não conseguiu compreender é que em tese as regras deveriam ser criadas para AUXILIAR nossa existência, e não castrá-la, como comumente é feito. É preciso saber quando é hora de jogar tudo para o alto e agir de acordo com determinada situação, independente de quaisquer regras imputadas anteriormente. É a SUA vida, porra! Assim como serão SUAS as conseqüências de determinado ato. Isso é ter bom senso.
Nem é tão difícil assim, é?
Regras simplesmente servem para privar nossa audácia, nossa coragem. As seguimos apenas porque é "certo" ou "errado". Ou seja, por conceitos subjetivos e elásticos demais para serem tomados como pedras fundamentais de QUALQUER COISA!
Traduzindo: quando chegar a hora certa, cala a boca e beija logo. Pra não se arrepender depois.
E viva a vida desregrada.
6.11.07
Regras para que te quero!
Esporrado por Zebedeu às 14:06
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