16.9.05

Estuprando Paris Hilton

Doutor,

vez ou outra nos deparamos com uma figura emblemática na mídia, daquela que qualquer gesto mundano é narrado, descrito, destrinchado e analisado como se fosse algo de suma importância para as vidas de nós, reles desconhecidos da massa plebéia, nessa cultura de idolatria à fama que importamos de nossos brothers.

Já temos nossas versões nas terras abaixo do equador. O nascimento de Sasha e Joaquim. Casamentos e divórcios relâmpago. Flagras de famosos em situações que beiram o ridículo. Xerecas de Piovanis ou Beijos de Buarques, apenas para citar dois.

A bola da vez (ou do dia), é a magricela-sem-sal-mas-com-muito-dinheiro Paris Hilton, que está de passagem pelo Brasil, que talvez só tenha vindo pensando se tratar de um safári na Rain Forest.

Nascida cagando dinheiro, Paris não fazia parte do Time "A" das celebridades até mostrar aquele vídeo horrível dela sendo enrabada por um ex-namorado, num pseudo pornô-gonzo que envergonharia Seymour Butts. De repente, a riquinha sem graça virou socialite. Só se falava nela. Reality shows, celulares hackeados, filmes ruins e muita, mas muita fofoca, transformaram a sonsa em estrela.

Para mim, ela poderia ser comparada a uma mistura da Sasha com o Chiquinho Scarpa, tamanha a futilidade que essa criatura bisonha evoca. Forma e conteúdo passam longe, mas mesmo assim é só ela coçar a bunda ou deixar o decote cair para mostrar os peitinhos muximbas e espocam flashes e matérias bombásticas. E a tudo ela ri, exibindo aqueles olhos meio blasè, meio chapados de crack, como uma Diana antiga riria dos mortais que a idolatravam.

Por que eu perco tempo pensando nisso, doutor? Porque sou um desocupado, um nada, um cocô de cachorro pisado por uma alpercata surrada. Então eu acabo sendo uma das vítimas do bombardeio cretino. Não dá pra abrir um site de notícias, entrar numa banca de jornais ou mesmo andar num ônibus fedorento sem ser atingido. E incomoda, principalmente porque eu faço uma questão absurda de pensar, de analisar, de entender.

Mude de canal, diz você. Não compre a revista, sugere. Entre em outro site, recomenda.

Não é o que eu quero. Alienação não é opção. Não há para onde fugir! Minha única e triste opção é descarregar os cachorros neste blog, mesmo sabendo que isso simplesmente não resolverá nada. Mas vale a tentativa.

Quero que ela morra pobre. Que coma a dieta dos Maluf-na-Cadeia pro resto de seus dias. Que caia no esquecimento tão rápido quanto virou celebridade. Que implore entrevistas em programas evangélicos. Que termine uma puta drogada num dos quartos do hotel do papai. Que apenas veja novamente os holofotes e os flashes quando for flagrada dando a bunda em troca de um brilho, toda gorda, asquerosa e berebenta. Que sofra. Muito.

Ah, se ela caísse na minha mão...

Infelizmente, mesmo que tudo isso aconteça a ela, em segundos outra figura semelhante surgiria renascida das merdas, espelhando as aspirações da classe miserável com sorrisos e excessos. E a massa os consumindo como se fosse um narcótico, uma saída para a própria existência ralé, até exaurí-los completamente. Aí, o ciclo recomeça. Suas vidas já são tão medíocres e miseráveis que nada que eu faça ou rogue irá piorá-las, e isso me consola um pouco.

Que nem você, seu sugador de vidas patéticas, súcubo de tragédias pessoais, parasita de neuroses.