Doutor,
eu estava num bar perto de casa, enrolando numa cerveja de pobre e contando rachaduras do balcão, quando ouvi uma voz:
- Oi?
Era uma mulher. Maquiada. Decotada. Aloirada.
- Hrmmm?
- Posso sentar do teu lado?
Minha resposta foi uma bicada na minha cerveja morna.
Ela sentou.
- Tudo bem?
- Tava ótimo. Agora não sei.
- Me paga uma bebida?
- Não tenho nem pra pagar a minha direito. Se vira.
Ela pediu uma coca light.
- Tá sozinho?
- Infelizmente, não mais.
Aí eu me liguei.
- Você tá me cantando?
- Hum-hum...
- Ou você é louca, ou é puta.
- Não sou louca...
- Caralho...
- Não tá a fim de companhia?
- Não. Tô duro.
- Essa é a idéia.
Os nós dos meus dedos esbranquiçados de tanto apertar aquele pescoço curto...
- A gente podia ir pra um lugar mais calmo, se conhecer melhor.
- Quanto?
- Hein?
- Ô cretina, quanto é?
- Duzentos, mas pra você faço por cento e cinqüenta.
- Prefiro bater uma punheta pra um cadáver.
- Posso me fingir de morta, se é o que você curte.
Com uma faca cega eu abro os pontos macios daquela pele, e me lambuzo com sangue venal...
- A noite tá fraca, é? Vai encher o saco de outro, piranha do caralho.
- Hum, gosta de falar palavrão? Eu também gosto...
- Vai tomar no cu.
- Aí é mais caro.
Com a faca afiada eu tiro a pele de seu rosto, e visto-a no meu como uma máscara. Obrigo-a a ver-se como uma criatura de fim de festa de carnaval...
- Sabe, eu gostei de você. Se for bonzinho, posso fazer até por cem.
- Ai meu saco.
- Chupo tuas bolas, também. E engulo tua porra.
Ela engasga com sangue e esperma. Aproveito e cago na sua boca. Ela chora. Sangue...
- Se você fosse esperta, ia procurar alguém que te queira. Eu tô fora.
- Não sou bonita?
- Parece que pegou fogo e apagaram na tamancada. Mas já comi coisa pior.
- Tenho uma amiga que ia topar fazer um bem bolado.
- Ô puta estúpida! Não tenho dinheiro pra uma, quanto mais pra duas! Vai se foder.
- Prefiro você.
Quebro a janela, jogo os cacos em cima do colchão, deito ela de bruços em cima, e fodo seu cu com um cabo de vassoura...
- Não te comeria nem de graça. Sai fora.
- Você tá de pau duro?
Duro, forte rijo e pulsante. Como nunca esteve antes. Dói.
- Some, ô vagaba de quinta! Caralho, a gente não pode nem beber em paz? Vai te foder!
- Você tá a fim, que eu sei. Vamo lá...
Deixo ela deitada no próprio sangue um dia inteiro. Depois lambo suas feridas coaguladas e purulentas. Bato uma punheta e esporro na tua cara deformada...
- Não.
- Quer ver meus peitinhos?
- Quero, mas não vou pagar nada por isso.
- É cortesia. Olha.
- Feio. Caído. Estrábico. Mamilos nojentos. Estrias nojentas.
- Você também não é nenhum Brad Pitt.
- E você não é ninguém. É menos que ninguém. Nem me disse teu nome.
- É Jennyfer. Com Y.
Que nem o corte do legista no teu tórax.
Levantei.
- Onde você vai?
- Embora. Não transo pseudônimo.
Antes de sair, ainda ouvi ela dizer: "Pisseudômino? Isso eu nunca fiz."
Agora esqueçamos o que deveria ter sido, e vamos aos fatos.
A mesma cena. Eu no bar. Cigarro com gosto de esterco. Cerveja pior que mijo.
- Ei, bonitão, tá a fim de um programa?
Sacudo a cabeça de um lado para o outro e estico o polegar apontado pra baixo.
- Tomar no cu, só tem duro nessa merda?
E foi embora.
Doutor, a vida seria muito mais interessante se tivesse roteiro pré estabelecido.
1.9.05
A Puta da Vida
Esporrado por Zebedeu às 21:55
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